Via Prof. Lino Martins...
A partir da adequação
obrigatória ao novo padrão internacional de contabilidade, os
International Financial Reporting Standards (IFRS), em 2009, ocorreu uma
grande transformação …
Zulmira Felicio
A partir da adequação
obrigatória ao novo padrão internacional de contabilidade, os
International Financial Reporting Standards (IFRS), em 2009, ocorreu uma
grande transformação no mercado de auditoria e consultoria do Brasil.
Na mesma época, o Conselho
Federal de Contabilidade emitiu diversas resoluções, estabelecendo um
novo padrão contábil para as empresas que não estavam enquadradas na Lei
11.638/2007, conhecida como a Nova Lei das S.A., cujo objetivo
principal é harmonizar as regras brasileiras com as implementadas no
mercado europeu. Com isso, chegou a vez de as pequenas e médias empresas
se adaptarem às normas internacionais.
A aplicação dos
International Financial Reporting Standards elevou os níveis de
transparência, pois os balanços tornaram pública a real saúde financeira
e patrimonial das empresas, e a conversão das normas internacionais de
relatórios financeiros permitiu às companhias pequenas e médias
remodelar os negócios com índices reais de desempenho. Além disso, nos
últimos anos surgiram novas obrigações com o Fisco, como o Sped
Contábil, o Sped Fiscal e a Escrituração Fiscal Digital (EFD) do PIS e
da Cofins, que tomam muito tempo dos profissionais ou exigem a
contratação de outros especialistas no assunto.
Queda
Mas ao olharem para o lado, empresários e empreendedores se perguntaram: “Onde estão os contadores especializados?”
Neste sentido, a situação
não fica muito diferente quando pensamos apenas no Estado de São Paulo.
São 133.848 profissionais, sendo 73.309 contadores e 60.539 técnicos
contábeis registrados. Há 19.739 organizações contábeis, das quais 9.257
são constituídas por empresários ou escritório individual, e temos um
saldo de 10.482 sociedades. Cabe ressaltar que, dos 73 mil contadores
registrados, uma parcela atua como auditor, perito ou consultor sem
trabalhar diretamente como contador.
“Em dez faculdades paulistas
pesquisadas pelo IBGE, aproximadamente duas mil vagas para Ciências
Contábeis são abertas por ano. Supondo que apenas 60% cheguem ao fim do
curso, teremos em torno de 1.200 profissionais. Deste total, se 60%
trabalharem na área, chegaremos a 720. Como desde 2011 o setor adota o
exame de suficiência para poder se registrar no Conselho Regional de
Contabilidade e o índice de aprovação na última edição foi de 54%,
teríamos apenas 389 pessoas aprovadas por ano”, analisa o diretor da BDO
RCS.
Deste total, mesmo que
aprovadas, nem todas as pessoas terão o CRC ou o conhecimento pleno das
normas dos IFRS. “Não é possível saber ao certo quantos profissionais
habilitados ingressam no mercado, mas certamente é um número
insuficiente para atender à demanda que não para de crescer nos
escritórios contábeis, nas empresas de auditoria e consultoria e nos
milhares de empresas que possuem contabilidade interna”, diz Amano.
Impactos
Segundo Amano, as mudanças
dos IFRS viraram do avesso a rotina dos contadores brasileiros, uma vez
que as regras eram bem diferentes das aplicadas no mercado nacional. As
adaptações às normas internacionais foram feitas por meio da Lei n.
1.638/2007, -que atualizou a Nova Lei das S.A.- e dizem respeito
principalmente às demonstrações contábeis. Para que a contabilidade
brasileira pudesse estar de acordo com os IFRS, foram introduzidos
também novos conceitos na legislação societária do País. “Um dos maiores
desafios que enfrentamos foi convencer os contadores de que a norma
contábil é soberana e está acima da legislação tributária. Muitos deles,
especialmente os que lidam com pequenas e médias empresas, tiveram ou
ainda têm uma grande resistência em se adequar às normas dos IFRS, pois
elas alteram a forma de lançamento contábil que o contador estava
acostumado a fazer com base na legislação tributária.”
A Lei n. 11.638/2007 entrou
em vigor no primeiro dia de 2008, estendendo-as às sociedades de grande
porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações.
Fonte: DCI