quarta-feira, 26 de março de 2014

Rebaixamento de nota de crédito do Brasil deve afetar consumidor, segundo especialistas

O noticiário econômico foi inundado desde a última segunda-feira (24) por uma expressão muito específica: rebaixamento da nota de crédito do Brasil. O que isso significa?
A Standard and Poor's, companhia de serviços financeiros que faz uma avaliação de riscos para investidores, divulgou na noite da última segunda-feira que a confiança para investimentos no Brasil decaiu e já não é mais a mesma. Mesmo que o posicionamento do governo seja contra esta avaliação, o impacto negativo desta avaliação pode não ser imediato, mas é bastante preocupante.
Segundo a Folha de São Paulo, o rebaixamento da nota brasileira não afetou os mercados e, com este cenário, o valor do dólar chegou a diminuir. Faz todo sentido que a resposta não apareça agora, na avaliação de João da Rocha-Lima Jr., professor da USP e especialista em análise de investimentos.
"O conjunto das críticas envolvem temas recorrentes à economia do Brasil nos últimos anos. A avaliação nada mais é do que o reflexo do do conjunto de fatores da economia brasileira, como contas públicas desorganizadas e crédito induzido pelos bancos estatais. O rebaixamento da nota de crédito, a desconfiança dos investidores, não é por algo que 'aconteceu', mas por algo que 'vem acontecendo' na economia" afirma o professor.
Outros analistas corroboram com Rocha Lima Jr. Segundo a BBC, o mercado brasileiro está com o farol amarelo aceso. Para José Matias-Pereira, professor de finanças públicas na Universidade de Brasília, "o Brasil estava em uma situação privilegiada para um país emergente". Na análise de Matias-Pereira, o momento para este rebaixamento é o pior possível: "essa é uma questão extremamente grave porque reflete na taxa de juros. Não se poderia chegar num momento pior esse rebaixamento. E no fim, quem vai pagar a conta é o contribuinte brasileiro. Isso é um reflexo de baixo crescimento econômico. Se esperava que isso fosse ocorrer apenas depois das eleições, mas veio muito antes do que o esperado" explica.
Cabo de guerra
Nesta terça-feira, o Banco Central veio a público para explicar o rebaixamento da nota de crédito. "Independentemente da avaliação da agência de rating Standard & Poor's, que reclassificou o risco do País, o Brasil tem respondido e continuará respondendo de forma clássica e robusta aos desafios que se colocam no novo quadro internacional", disse o BC em nota. Do outro lado, a Standard & Poor's afirmou que não espera grandes ajustes na política fiscal brasileira, mesmo após as eleições, segundo a diretora responsável pelo Brasil na companhia americana, Lisa Schineller.
Segundo Lisa, a deterioração de indicadores fiscais, incluindo o aumento do déficit público, foi um dos fatores que levaram a agência de classificação de risco a colocar a nota brasileira em perspectiva negativa em junho do ano passado, frisou Lisa. Desde então, essa tendência não mudou muito e não dá sinais de que terá uma guinada.
O imbróglio do rebaixamento da nota foi tamanho que até a Câmara dos Deputados veio à público para defender o governo. Em concórdia com o que afirmou o Banco Central, o presidente da Câmara, Eduardo Alves (PMDB-RN) afirmou que o rebaixamento da nota de crédito causa preocupação, mas o governo deve manter a linha de crescimento do país.
Diante deste cenário, o professor Matias-Pereira, reafirma: "É uma decisão que preocupa porque tem um efeito imediato na taxa de juros e pode afetar o nosso nível de endividamento. É uma decisão muito ruim, mas era uma decisão esperada diante do que tem sido feito em relação ao governo".
Fonte: BrasilPost

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