O noticiário econômico foi inundado desde a última segunda-feira (24)
por uma expressão muito específica: rebaixamento da nota de crédito do
Brasil. O que isso significa?
A Standard and Poor's,
companhia de serviços financeiros que faz uma avaliação de riscos para
investidores, divulgou na noite da última segunda-feira que a confiança
para investimentos no Brasil decaiu e já não é mais a mesma. Mesmo que o
posicionamento do governo seja contra esta avaliação, o impacto negativo desta avaliação pode não ser imediato, mas é bastante preocupante.
Segundo a Folha de São Paulo,
o rebaixamento da nota brasileira não afetou os mercados e, com este
cenário, o valor do dólar chegou a diminuir. Faz todo sentido que a
resposta não apareça agora, na avaliação de João da Rocha-Lima Jr.,
professor da USP e especialista em análise de investimentos.
"O conjunto das críticas envolvem temas recorrentes à economia do
Brasil nos últimos anos. A avaliação nada mais é do que o reflexo do do
conjunto de fatores da economia brasileira, como contas públicas
desorganizadas e crédito induzido pelos bancos estatais. O rebaixamento
da nota de crédito, a desconfiança dos investidores, não é por algo que
'aconteceu', mas por algo que 'vem acontecendo' na economia" afirma o
professor.
Outros analistas corroboram com Rocha Lima Jr. Segundo a BBC, o mercado brasileiro está com o farol amarelo aceso.
Para José Matias-Pereira, professor de finanças públicas na
Universidade de Brasília, "o Brasil estava em uma situação privilegiada
para um país emergente". Na análise de Matias-Pereira, o momento para
este rebaixamento é o pior possível: "essa é uma questão extremamente
grave porque reflete na taxa de juros. Não se poderia chegar num momento
pior esse rebaixamento. E no fim, quem vai pagar a conta é o
contribuinte brasileiro. Isso é um reflexo de baixo crescimento
econômico. Se esperava que isso fosse ocorrer apenas depois das
eleições, mas veio muito antes do que o esperado" explica.
Cabo de guerra
Nesta terça-feira, o Banco Central veio a público para explicar o
rebaixamento da nota de crédito. "Independentemente da avaliação da
agência de rating Standard & Poor's, que reclassificou o risco do
País, o Brasil tem respondido e continuará respondendo de forma clássica
e robusta aos desafios que se colocam no novo quadro internacional",
disse o BC em nota. Do outro lado, a Standard & Poor's afirmou que
não espera grandes ajustes na política fiscal brasileira, mesmo após as
eleições, segundo a diretora responsável pelo Brasil na companhia
americana, Lisa Schineller.
Segundo Lisa, a deterioração de indicadores fiscais, incluindo o
aumento do déficit público, foi um dos fatores que levaram a agência de
classificação de risco a colocar a nota brasileira em perspectiva
negativa em junho do ano passado, frisou Lisa. Desde então, essa
tendência não mudou muito e não dá sinais de que terá uma guinada.
O imbróglio do rebaixamento da nota foi tamanho que até a Câmara dos
Deputados veio à público para defender o governo. Em concórdia com o que
afirmou o Banco Central, o presidente da Câmara, Eduardo Alves
(PMDB-RN) afirmou que o rebaixamento da nota de crédito causa
preocupação, mas o governo deve manter a linha de crescimento do país.
Diante deste cenário, o professor Matias-Pereira, reafirma: "É uma
decisão que preocupa porque tem um efeito imediato na taxa de juros e
pode afetar o nosso nível de endividamento. É uma decisão muito ruim,
mas era uma decisão esperada diante do que tem sido feito em relação ao
governo".
Fonte: BrasilPost
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