SÃO PAULO - (Atualizada às 8h33)
A mineradora Vale submeteu à aprovação da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) o registro da oitava emissão de debêntures, no
montante de até R$ 1,01 bilhão. A operação foi aprovada em reunião do
conselho de administração da empresa no dia 28 de novembro. Os recursos
obtidos com a oferta serão destinados ao projeto Ramal Ferroviário
Sudeste do Pará, projeto de infraestrutura da companhia.
Inicialmente, a companhia pretende colocar no mercado 750 mil papéis
simples, não conversíveis em ações, em até quatro séries, com valor
unitário de R$ 1 mil, totalizando R$ 750 milhões. O montante pode ser
aumentado em até R$ 35%, ou R$ 262,5 milhões, com colocação de lotes
suplementar e adicional.
O lote inicial será distribuído sob regime de garantia firme de
colocação, prestada pelos coordenad ores Banco Bradesco BBI, BB Banco de
Investimento e Banco Itaú BBA. Os lotes extras serão distribuídas sob o
regime de melhores esforços de colocação pelos coordenadores.
Para a primeira série, o prazo será de 7 anos, com vencimento em 15
de janeiro de 2021. A segunda série terá prazo de 10 anos, a terceira
vencerá em 12 anos e a quarta, em 15 anos. Os coordenadores vão apurar a
demanda em diferentes níveis de taxas de juros e vão definir a taxa
aplicável à remuneração das debêntures em sistema de “vasos
comunicantes”.
As três principais agências de classificação de risco atribuíram nota
de crédito "AAA" em escala nacional à oitava emissão de debêntures da
Vale, o maior patamar considerando apenas o Brasil. A Moody’s, por sua
vez, divulgou rating "Baa2" em âmbito global para os papéis, com
perspectiva estável.
A avaliação leva em conta a posição de liderança da companhia em
minério de ferro e sua base diversificada de produtos, diz o relatório.
Para Moody’s e Fitch, a mineradora tem capacidade de apresentar bom
desempenho mesmo em cenário de queda dos preços de sua principal
commodity comercializada e manter os indicadores de dívida atuais.
As agências acreditam que o fato de a Vale ter afastado uma incerteza
sobre suas operações, que era o pagamento de impostos sobre o lucro que
suas controladas e associadas no exterior, sustenta o rating. A empresa
aderiu ao Refis, programa de refinanciamento dos tributos, no mês
passado.
Na opinião da Standard & Poor’s (S&P), contudo, é exatamente
esse forte nível de gastos previstos com a tributação — R$ 22,3 bilhões
em 15 anos — que deixa a perspectiva do rating da companhia negativa.
Hoje, a nota da S&P para a Vale é de "A-".
O relatório da Moody’s explica ainda que a nota em escala global
reflete a instabilidade dos preços do minério de ferro e a expectativa
de salto nos custos — principalmente de mão de obra e com royalties.
Além disso, a instituição vê como elevado o nível de investimentos e
dividendos a serem pagos atualmente.
Mesmo assim, a agência ressalta que a Vale tem feito bom trabalho em
seu programa de eficiência, cujas medidas “devem ajudar a minimizar o
impacto do avanço nos custos”. A instituição também lembra que a
companhia já anunciou paulatina redução em seu nível de dispêndio de
capital para os próximos anos.
Segundo a Fitch, o lucro da mineradora vai continuar dependendo do
minério de ferro e do apetite do mercado chinês. “Os consideráveis
investimentos da Vale em níquel, carvão, fertilizantes e cobre atenuarão
apenas parcia lmente o impacto do aumento global da capacidade [do
produto]”, afirma o relatório.
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